domingo, 24 de fevereiro de 2013

Dupla Predestinação, o Barro "decaído" e a Arbitrariedade de Deus



A partir do livro Eleitos de Deus, de R. C. Sproul, farei algumas considerações sobre a sua abordagem relacionada à dupla predestinação, o barro "decaído" e a arbitrariedade de Deus. Boa parte desses argumentos podem ser lidos nos meus comentários ao livro, disponíveis aqui.

Ressalto ainda que o meu intento não é o de polemizar pelo gosto da polêmica, mas revelar os meus pensamentos e fazer com que tanto eu como o leitor pensemos a partir do próprio texto bíblico. Não estou a sugerir nenhuma "saida" das Escrituras, nem uma tentativa estúpida de explicar algo inexplicável. Ao meu ver, o que tem feito os crentes permanecerem vulneráveis ao mundo e a si mesmos (em suas pressuposições) é exatamente o medo de ver na Bíblia aquilo que ali está revelado. Sem fazer-me dono da verdade ou especulador, nem exaustivo no que me proponho: uma reflexão a partir de considerações escriturísticas; e que pode levar muitos ao estudo sério de algumas questões que nem mesmo cogitamos pensar. O que acabará por nos tornar em replicantes de um esquema intruso à Bíblia, reverberando o deleite que o homem tem de ouvir sua própria voz. Então, sem mais delongas, mãos-à-obra!

Na questão da dupla predestinação, ainda que Sproul tente amenizar a eleição dos réprobos, ao dizer simplesmente que Deus escolheu os eleitos e deixou de lado ou à própria sorte os réprobos, não neutraliza a idéia do favor divino, da Sua escolha para a salvação dos eleitos; e o desfavor, mas ainda assim uma escolha, para com os ímpios.


Da mesma forma, dizer que Deus não endurece efetivamente o coração ímpio, mas retira a restrição do pecado sobre eles, deixando-os livres para pecar, é muito simplória e faz o malabarista derrubar todos os pratos no chão e estatelar-se sobre eles, além de não haver respaldo bíblico para essa conjectura.


Usar termos como "endurecimento passivo""entregá-los ao pecado", "decreto positivo e negativo","destinação não simultânea", etc, não exclui de Deus o desejo de que seus corações sejam endurecidos, os pecadores se voltem mais e mais ao pecado, e de que destinando alguns para a salvação, estará destinando os demais para a condenação. É fato que Deus não os quis salvar; é fato que Ele quis condená-los. Então, por que a necessidade de se tentar "aliviar" Deus quando Ele claramente diz o que fez e porquê fez? Não seria uma forma de subestimá-lo, e de até mesmo considerá-lo imperfeito, necessitando que o adequemos aos nossos defeitos para assegurar-lhe a perfeição? Isso cheira mal, algo muito próximo da rebeldia ou, na melhor das hipóteses, ignorância disfarçada de piedade. Em muitos casos é não querer aceitá-lo como é; em outros é a incapacidade de vê-lo como se revelou a Si mesmo.

Sproul chegou ao ponto de utilizar a passagem de Ex 7.2-5 (quando Deus afirmou a Moíses que endureceria o coração do Faraó) como um exemplo de endurecimento passivo, onde Deus não interviu diretamente no coração do Faraó, mas ao remover a sua restrição sobre ele, deixou que "as inclinações malignas de Faraó fizessem o restante"1. Ao que pergunto: se isso não é o mais escancarado malabarismo argumentativo a fim de tirar de Deus o poder de mover a vontade do Faraó a fim de que se cumprissem exatamente os Seus desígnios, o que mais pode ser? De certa forma, não passa de uma tentativa ilusória para transformar o irreal em verdade através de hábeis jogos semânticos.


Passiva ou ativamente, o Faraó não cumpriu o decreto divino? Tal qual ele foi estabelecido na eternidade? E, ainda que passivamente (especulativo), estaria-se a dizer que Deus obteve o resultado desejado sem querer produzi-lo? E se Ele não quis produzi-lo, quem o produziu? Nós? Há uma nítida inversão de papéis e de valores; sempre como uma justificativa para eximi-lo de suposta culpa, o que redundará em uma tentativa, mesmo inconsciente, de desprezá-lo e a Sua santidade, sabedoria e perfeição.


Da mesma forma, ao referir-se a Rm 9, Sproul diz: "Soa como se Deus estivesse ativamente fazendo pessoas ser pecadoras. Mas isso não é requerido pelo texto... veremos que o barro com o qual o oleiro trabalha é barro 'decaído'. Um pouco de barro recebe misericórdia para tornar-se vaso de honra. Essa misericórdia pressupõe um vaso que já está culpado. Da mesma maneira, Deus precisa 'tolerar' os vasos de ira, próprios para a destruição, pois eles são vasos de ira, culpados"2.


Não sei quanto a você, mas me parece outro contorcionismo desnecessário para não concluir o que o texto bíblico evidentemente afirma: Deus é quem FAZ os vasos de honra e os vasos de ira, lançando "as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou" (v.23); assim como a "sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição" (v.22).


Quem preparou? Quem destinou? Quem é o oleiro? Ou seja, quem fez os vasos destinando-os a ser o que são? Se não foi Deus, quem foi? Outro deus? Satanás? O homem? Mas se mesmo o mal, e apenas o mal e o pecado, não foi criado e ordenado à existência pelo Senhor, Ele não é soberano, e estamos de alguma forma enganados ou sendo enganados. Se como a Bíblia assegura que não há outro deus além do Senhor, e de que Ele é o criador de todas as coisas, por que ainda resistimos? Por que não nos sujeitamos às evidências internas das Escrituras? Certamente porque os nossos conceitos e argumentos não se encontram em unidade e harmonia com essas manifestações certeiras; os quais penetram sorrateiramente pela porta dos fundos, como se fizessem parte da revelação proposicional quando não passam de parasitas a provocar a verdade, no exercício de induzir o crente a uma aventura desastrosa, a culminar numa imagem distorcida de Deus.


O barro não existia previamente antes de Deus fazê-lo existir. O barro "decaído" não decaiu alheio à vontade de Deus, à sua revelia, por vontade própria. O barro "decaído" não foi autocriado, ou criado por outra "força". O barro "decaído" surgiu pelo poder e vontade de Deus, e apenas por Ele poderia existir. O mesmo poder que destinou alguns para a glória e outros para a perdição. Ou seria possível ao homem escolher a forma como Deus o faria? E de como seria? Por exemplo, a cor dos olhos, cabelos ou pele? E o que dizer de coisas como o estado pecaminoso e o redentivo? Afinal, qual poder temos sobre nós mesmos? E a história? E a eternidade?


Fico com a impressão de que o autor quer ao mesmo tempo dizer e não dizer o que diz. E suas atenuações acabam por enfraquecer e confundir o conceito de soberania, predestinação e eleição divinas.


Isso é manipulação teológica, com todo o respeito e admiração que o Dr. Sproul merece. Bastaria ater-se ao texto bíblico, que é claro e límpido como água (especialmente os dois textos citados), sem a preocupação de imputar a Deus qualquer injustiça, pois, o menor pensamento de que isso seja possível somente poderá vir de uma mente doentia e caída; de uma mente não regenerada e carente da misericórdia divina. Nesses casos, vale a mesma resposta dada por Paulo: "Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?" (Rm 9.20).

Outra questão é a definição de arbitrário. Ele afirmou que Deus não é arbitrário, porque "por si só, ser arbritário é fazer alguma coisa por nenhuma razão"3. Bem, acho que esse conceito do autor, demonstra o seu nível de excentricidade, ou seria arbitrariedade?


A palavra arbitrário designa alguém que decide como árbitro, que não é regulado por leis, mas só depende da sua vontade. Nesse sentido, Deus é completamente arbitrário. Há algo igual ou superior a Ele, ao qual esteja condicionado? Deus faz exatamente tudo aquilo que quer, como quer e da maneira que quer, segundo a Sua perfeição, santidade e justiça. E quem somos nós para questioná-lo? Ou para moldá-lo a um padrão humano?
Não nascemos por nossa vontade, nem escolhemos o país, os pais, sexo ou nível de inteligência que gostaríamos de ter. Nascemos pecadores sem desejar sê-lo; somos eleitos sem querer sê-lo; e muitos irão para o inferno sem querer ir. Essas coisas todas aconteceram e acontecerão à nossa revelia, pela arbitrária vontade divina. Então, considero Deus arbitrário no sentido de que tudo no universo acontecerá segundo o seu arbítrio, sem nenhuma consulta prévia, sem nem mesmo Ele se preocupar se Suas decisões me agradarão ou não. E, por quê? Porque Ele é santo, justo, perfeito, sábio, Todo-Poderoso. E porque somos pecadores, injustos, imperfeitos e tolos, criaturas metidas a besta, julgando ter algum poder quando não temos nada, e o pouco que temos (o que é muito para a nossa condição) provém dEle, e é por Ele, para a Sua glória.
Descrever a vontade divina como não-imperativa, não-absoluta, em que o governo de Deus não depende exclusivamente de Si, nem é independente do universo governado é professar a maior heresia que o homem é capaz de produzir. Numa tentativa tola de diminuí-lo aos nossos olhos. Portanto, concluo que Deus é arbitrário, e não há como não ser. Em qualquer situação que se vá explicar a soberania divina, não há como não ligá-la à arbitrariedade. Senão não estaríamos falando de Deus, mas de deus, algo diminutivo, depreciativo, frágil como nós.

Nos aspectos citados, a despeito de muita coisa valorosa e pautada biblicamente que o Dr. Sproul diz e escreve, não posso concordar com suas afirmações. Elas me parecem com o marido desesperado, que ao encontrar a esposa em adultério no sofá da casa, joga fora o sofá.

Notas: 1 - Eleitos de Deus - R. C. Sproul - Editora Cultura Cristã - página 109.
2 - Idem - página 114.
3 - Ibidem - página 116.

Autor: Jorge Fernandes

Veja a postagem original aqui: Internautas Cristãos


sábado, 23 de fevereiro de 2013

Predestinação: Estou seguro em Deus ou devo contar com a sorte?





Constantemente tenho sido questionado sobre a veracidade bíblica da predestinação, inclusive já ouvi muitos dizerem que tal doutrina é herética e até mesmo satânica (risos).

Não quero me ater a passagens bíblicas que comprovam essa doutrina, até porque, em meu último post, publiquei uma imagem que trás detalhadamente tais passagens. Clique aqui para vê-la.

A questão é: Se Deus não predestinou de antemão os Seus eleitos, e se é o homem quem está no controle de sua salvação, então os seres humanos estão à mercê de um duelo de titãs? Deus está em uma disputa com Satanás para ver qual dos dois consegue arrebanhar mais almas para si?

Existe mesmo este duelo? Estas almas estão realmente a mercê de uma disputa? Ou realmente o cristão está seguro em Deus, justificado e redimido na cruz de Cristo, longe da possibilidade de ser arrebatado das mãos de seu Senhor, como o próprio Senhor os garantiu:

"27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.

28 Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão.

29 Meu Pai, que as deu para mim, é maior do que todos; ninguém as pode arrancar da mão de meu Pai." João 10:27-29

Aqueles que negam a perseverança de Deus com os santos e a segurança eterna dos cristãos genuínos estão vivendo ao léu da sorte, o acaso, ou a própria pessoa é quem irá decidir se o sacrifício de Cristo terá ou não o seu devido valor.

A teologia reformada acredita que o sacrifício de Cristo não deu ao homem uma “possibilidade” de ser salvo. Cristo pretendia fazer da salvação algo não mais que possível? Ou Ele realmente salvou aqueles por quem ele morreu (eleitos)? Acreditamos que “... Jesus realmente fez propiciação pelos pecados daqueles a quem o Pai escolhera. Ele realmente aplacou a ira de Deus para com o seu povo, assumindo sua culpa sobre si mesmo, redimindo-os verdadeiramente e reconciliando verdadeiramente aquelas pessoas especificas com Deus.” James M. Boice

O apóstolo Paulo nos diz que aqueles a quem Deus “... dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou.” Romanos 8:29-30

Note que não são 2 grupos diferentes, o apóstolo nos diz que aqueles a quem Deus conheceu, predestinou, chamou e justificou, são os mesmos a quem Ele glorificou (salvou).

O homem carnal tem dificuldade de entender essas coisas, até mesmo alguns irmãos em Cristo possuem tal dificuldade. Inclusive já me deparei até mesmo com alguns calvinistas que hora ou outra se confundem com o assunto em questão. Mas independente de qualquer coisa, devemos estar cientes de que Deus é soberano tanto nas pequenas quanto nas grandes coisas, tudo está sobre o Seu domínio e controle, nem mesmo um pardal cai do céu sem o Seu consentimento Mt 5:29.

Como um bom monergista, gostaria de deixar a seguinte pergunta para reflexão: Se Deus é tão soberano ao ponto do próprio Jesus dizer que nem mesmo um pardal cai do céu sem a Sua permissão, então, não seria Ele capaz de efetuar, executar e completar sozinho a conversão e a salvação na vida de Seus eleitos, sem qualquer ajuda humana?

Soli Deo Gloria!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Bíblia Sagrada: A verdade de Deus ou um conto de fadas?





Muitas pessoas dizem que a bíblia é um "conto de fadas". Porém, essas pessoas devem concordar com o seguinte: não existe nenhuma outra instituição no mundo como a igreja, um lugar onde se encontra "ex de tudo", ex drogado, ex ladrão, ex assassino e etc, com suas vidas totalmente transformadas por essa palavra que para muitos, de fato, não passa de um "conto de fadas". Pelo menos o nosso "conto de fadas" tem transformado vidas reais, pessoas reais, diferente de outros contos pelo qual o nosso "conto" é comparado.

Nunca ouvimos um ladrão dizer: "Eu li Rapunzel (conto de fadas) e tive minha vida transformada, vou abandonar tudo e viver pra essa princesa dos cabelos longos", ou ainda, "quando li A Branca de Neve (conto de fadas) fui impactado profundamente, a partir de hoje serei um novo homem/mulher."



Estes contos citados acima nunca transformaram uma vida, nunca levaram alguém a uma mudança radical de vida e postura, porém, o nosso "conto de fadas", diferente dos quadrinhos, a cada dia que passa vem transformando novas vidas, pessoas que viviam ao léu, e que encontraram nas páginas das Escrituras a Verdade que liberta.

“Que o homem progrida quanto quiser, que todos os ramos do conhecimento humano se desenvolvam ao mais alto grau, coisa alguma substituirá a Bíblia, base de toda a cultura e de toda a educação.” Immanuel Kant

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Em que Crê um Calvinista?



Há, nas Escrituras Sagradas, uma demanda por transparência e definição! O profeta deve apresentar a visão de modo que até o corredor possa lê-la – em plena corrida! (Hc 2.2). Nossa palavra deve ser sim, sim! ou não, não! – sob pena de nos alinharmos com uma fonte maligna de informação (Mt 5.37). E existe um clamor por definição ainda no finalzinho da última profecia (Ap 22.11). Mesmo no início da Bíblia, já existe ordenação para evitar a confusão (Dt 22.5) – com a qual, aliás, Deus não se identifica (I Co 14.33).


Não costumo usar os termos calvinista e calvinismo, quando prego. A razão é simples: não é, geralmente, necessário. Refiro-me ao Evangelho e, pra mim e alguns outros (Charles Spurgeon, inclusive), dá no mesmo.
No entanto, às vezes, por motivo de clareza e compreensão, precisamos usar expressões histórica e teologicamente consagradas. Elas não definem o nosso time, a equipe à qual pertencemos. Definem, com mais precisão, nossa persuasão teológica.
Há professores de seminário que são pastores de igreja. Alguns deles ensinam uma coisa na Academia e outra no púlpito. Não dá pra saber o que eles realmente creem. Tivemos em nossa igreja um seminarista que relatou, atordoado, a confissão de um de seus professores de que não cria que houvesse alguém ouvindo nossas orações. O jovem interpelou o mestre, após a aula, e perguntou por que, então, o professor ainda orava. A resposta: “Por causa da angústia humana!”
Outros professores negam, em classe, o relato da Criação, a existência de personagens bíblicos, a autoria apostólica dessa ou daquela epístola. Tudo supostamente apoiado em estudos científicos, pesquisas mais profundas, etc, etc, etc. Só não têm a coragem de dizer a mesma coisa nos púlpitos de suas igrejas: o “povão” costuma ser mais conservador e alguém poderia perder o “emprego”. Okay, conheço toda aquela conversa sobre Academia e Igreja e a diferença entre elas. Mas estamos falando da imutável Palavra de Deus – ou, caso contrário, da palavra de deus nenhum! E estamos falando da formação de ministros da Palavra – ou, caso contrário, apenas de profissionais eclesiásticos.
Algumas vezes, sendo indagado por algum irmão sobre minha fé, percebo que ele ou ela não sabe em que crê um calvinista. Por isso, aqui vão umas poucas dicas:
- um calvinista crê que a Bíblia é a Palavra de Deus;


- crê que o ser humano precisa ser salvo de seus próprios pecados e da ira de Deus – mais do que de qualquer outra coisa;


- crê que somente o Evangelho da graça de Deus, que apresenta Cristo na cruz, pode salvar o pecador;
- crê que o Espírito de Deus é quem regenera o pecador, dispondo-lhe o coração para crer no Evangelho.
- crê que o pecador deve receber o Evangelho com fé e arrependimento, e viver debaixo do senhorio de Jesus Cristo em novidade de vida.
- que santidade ainda é importante, sim!
- crê na superioridade de uma cosmovisão bíblica sobre qualquer outra percepção da realidade;
- crê que a Criação existe para expressar a glória de Deus, em seu amor e bondade;
- que hoje, sobre a Criação, atuam tanto a Queda como a Redenção – de modo que nada deve ser nem aceito nem rejeitado a priori;
- que os mandados da Criação – cultural, social e espiritual – são uma ótima forma de expressar santidade no mundo, glorificando, assim, nosso Criador-Redentor;
- que a exposição, explicação e aplicação das Escrituras, por pregadores piedosos e fiéis, é a necessidade mais urgente nos púlpitos evangélicos;
- que amar as pessoas é a consequência necessária da sã doutrina;
- que amar a Deus sobre todas as coisas é a essência de nossa salvação!


Não! A predestinação não é a característica principal da doutrina calvinista. A característica principal da doutrina calvinista é a supremacia da glória soberana de Deus sobre todas as coisas!
Agora você já sabe, pelo menos um pouco, o que deve esperar desse curioso ser, o cristão calvinista. E, se você é calvinista e estava com a ênfase errada, há tempo para corrigir!

Autor: Mauricio Andrade
Postagem original: Blog Fiel

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Algumas Respostas Pertinentes, sobre o Calvinismo



Esta é uma tentativa de corrigir alguns dos mal-entendidos sobre o Calvinismo. Isto não pretende ser uma defesa doutrinária detalhada das Doutrinas da Graça.
1) Calvinismo e Hiper-calvinismo são pólos opostos. Os termos não devem ser usados como sinônimos. Um hiper-calvinista não é apenas um calvinista zeloso. Ambos consideram o outro como calvinistas “mistos”. Ninguém chama a si mesmo de hiper-calvinista.
2) Sim, os calvinistas se dividem em várias facções. Mas existem muitas escolas doutrinárias, e.g. Dispensacionalismo, Governo da Igreja, Adoração… nós cantamos somente Salmos ou usamos hinos? Quais hinos? Nós usamos música? Qual música? Com que conjunto de textos nós baseamos nossa tradução da Bíblia? É o Textus Receptus que é importante ou a (KJV) AV ? Ou ambos? Etc.
3) O termo livre-arbítrio precisa ser definido para evitar confusão. Calvinistas poderão afirmá-lo ou negá-lo, dependendo do que eles acham que você quis dizer… Isto algumas vezes leva a acusações de contradição. Consulte as Confissões Calvinistas padrão, e.g. a Confissão de Fé de Westminster, capítulo 9, para uma definição de termos.
4) O termo livre agência não é automaticamente o mesmo que livre-arbítrio quando usado por um calvinista. Ele é o termo calvinista preferido para livre-arbítrio. Preferido de forma a evitar a confusão tratada no ponto acima.
5) Calvinistas acreditam na responsabilidade do homem, mas negam sua capacidade de arrepender-se e crer no Evangelho. Os dois termos não são sinônimos. Calvinistas crêem que a incapacidade do homem de arrepender-se e crer é causada por seu próprio pecado, e a sua incapacidade não anula a sua responsabilidade.
6) Calvinistas não acreditam que os homens são fantoches, bonecos de madeira ou robôs, mas seres responsáveis e tratados assim por Deus, mesmo quando decaídos.
7) Calvinistas não são fatalistas. Calvinistas acreditam que Deus ordenou o fim e também os meios para este fim. Portanto, eles crêem no evangelismo como o meio que Deus usa para cumprir sua intenção de salvar os eleitos. Não é verdadeiro dizer que os calvinistas acreditam que Deus salva homens sem o Evangelho. Calvinistas acreditam em oração.
8) Calvinistas acreditam que é obrigação dos homens arrependerem-se e crerem no Evangelho. Esta é um de nossas disputas com alguns hiper-calvinistas.
9) Calvinistas acreditam que o Evangelho deve (para citar Calvino) ser pregado indiscriminadamente aos eleitos e réprobos (Comentário de Isaías 54:13), visto que não sabemos quem são eles, mas somente Deus.
10) Calvinistas não limitam o valor ou mérito ou dignidade do sangue de Cristo. Eles limitam a intenção do sangue para salvar qualquer um além dos eleitos. Nós estamos satisfeitos o bastante (como estava João Calvino) com a afirmação de que o sangue de Cristo é suficiente para o mundo inteiro, mas eficiente somente para os eleitos.
11) Calvinistas não pregam apenas os Cinco Ponttos e nada mais. Pelo menos não mais que Dispensacionalistas que pregam apenas sobre profecias ou Pentecostais que só pregam sobre os dons do Espírito, etc.
12) Calvinistas não lêem os Cinco Pontos em todos os textos da Escritura. Muitos dos maiores comentários bíblicos, amados e valorizados por todos os cristãos (e.g, Mattew Henry) foram escritos por calvinistas.
13) Calvinistas acreditam que os homens podem resistir ao Espírito Santo. Eles acreditam que mesmo os eleitos podem resistir ao Espírito Santo, e o fazem… mas somente até o momento em que o Espírito regenera seus corações de forma que não resistam mais a Ele. Os não-eleitos efetivamente resistem a ele por toda a vida.
14) Calvinistas não acreditam que todos os homens são levados se debatendo e gritando irresistivelmente a Cristo. Nós acreditamos nagraça irresistível. A vontade não é ignorada na salvação. Nenhum homem vem a Cristo involuntariamente, ou se lamenta por ter sido trazido.
15) Calvinistas não acreditam que existam almas lá fora que querem ser salvas, mas não podem ser salvas porque não são eleitas.
16) Calvinistas, sem ter acesso ao Livro da Vida do Cordeiro, vêem todo homem como potencialmente eleito e pregam o evangelho a ele.
17) Calvinistas acreditam na eleição incondicional mas eles não acreditam na salvação incondicional. A não ser que o homem nasça de novo, ele não entrará no Reino dos céus (João 3:3). A não ser que ele se arrependa, ele perecerá (Lucas 13:3). A não ser que seja convertido, etc… todas estas são condições da salvação.
18) Calvinistas acreditam que a regeneração precede a fé em Cristo. Nós não confundimos o termo regeneração com justificação ousalvação. O Espírito de Deus regenera o pecador eleito capacitando-o a abandonar seu pecado e voluntariamente abraçar a Cristo e então ser justificado pela fé e salvo pela eternidade. Regeneração, portanto, não é sinônimo de justificação ou salvação assim como convicação de pecado não é sinônimo de conversão a Cristo.
19) Perseverança dos santos não significa que os calvinistas crêem que eles podem levar sua querida vida sem qualquer referência a observar o poder de Deus. Isto simplesmente significa que nós cremos que os cristãos provarão ser vencedores, de acordo com 1 João 5:4-5, etc…
20) Alguns calvinistas usam a frase redenção particular em oposição à expiação limitada porque eles podem ver como a posição da redenção geral também limita a expiação, embora de uma forma diferente, isto é, ela não realiza a tudo que se pretende.
21) Calvinistas não acreditam que João Calvino era infalível… não mais que Metodistas acreditam que João Wesley foi infalível ou Dispensacionalistas dão a Schofield ou John Darby a palavra final.
22) Embora os calvinistas creiam que a graça salvadora e o arrependimento são dons de Deus, dados somente a seus eleitos, eles não crêem que Deus exercita a fé por eles ou arrepende-se por eles. O pecador eleito, capacitado pelo poder de Deus, realmente se arrepende e crê por si mesmo.
23) Embora possa não haver um meio-termo real entre a posição calvinista e aquela dos não-calvinistas, ainda assim muitos calvinistas acreditam que os dois lados realmente pregam o Evangelho. Apesar de nossas diferenças em muitos dos detalhes, um homem que prega que Cristo morreu pelos ímpios e que a obra foi suficiente para salvar aquele que se arrepende e crê está realmente pregando o Evangelho. Nós nos regozijamos na pregação do Evangelho de John Wesley tanto quanto na de George Whitefield, apesar de (naturalmente) considerarmos Whitefield um teólogo melhor.
24) Não há nenhuma contradição ou paradoxo entre a soberania de Deus e a responsabilidade do homem. Em nenhum lugar a Escritura diz que o homem é responsável porque ele é livre, ou seja, a afirmação de que a responsabilidade pressupõe a liberdade é uma falácia. Pelo contrário, a Escritura ensina que o homem é responsável porque Deus, que é soberano, o considerada assim. Além do mais, Paulo, em Romanos 1, afirma que é o conhecimento inato do homem que o torna responsável pelos seus atos, e não a sua suposta liberdade. Isso está de acordo com o que Jesus diz em João 9:41: “Respondeu-lhes Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis pecado algum; mas, porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso pecado”.
25) Embora os calvinistas creiam que até mesmo atos pecaminosos são ordenados por Deus (Efésios 1:11/Provérbios 16:4), isso não faz de Deus o autor do pecado. Concordamos com o Dr. Clark, que ao escrever seu livro sobre o problema do mal, disse: “Deus não é o autor deste livro, como os arminianos seriam os primeiros a admitir; mas ele é a causa última dele, como a Bíblia ensina. Todavia, eu sou o autor. Autoridade, portanto, é um tipo de causa, mas há outros tipos. O autor de um livro é a sua causa imediata; Deus é a sua causa última… Deus não comete mais pecado do que ele está escrevendo essas palavras”.
Então, aqui está. Eu não espero que esta lista realmente convença alguém da verdade da posição calvinista. Isto não intenta ser uma defesa doutrinária do Calvinismo. Eu dei poucas referências porque queria manter curto e de fácil acesso. As confissões calvinistas padrão (isto é, a Confissão de Fé de Westminster, etc.) devem ser consultadas para afirmações definitivas. O Dictionary of Theological Terms (Rev. Alan Cairus) é uma ferramenta inestimável. Espero que esclareça mais que alguns poucos mal-entendidos. É desanimador ao extremo ver uma caricatura de sua fé ridicularizada. Talvez alguém do outro lado da batalha (não-calvinistas) possa esforçar-se e esclarecer alguns mal-entendidos que os calvinistas porventura tenham.
Título oiginal: Algumas coisas que os não-calvinistas deveriam saber sobre o Calvisnimo
Traduzido, modificado e expandido por: Josaías Cardoso 
Agradecemos ao tradutor, que gentilmente se dispôs a traduzir esse artigo para o site Monergismo.com.
Este artigo é parte integrante do portal http://www.monergismo.com/. Exerça seu Cristianismo: se vai usar nosso material, cite o autor, otradutor (quando for o caso), a editora (quando for o caso) e o nosso endereço. Contudo, ao invés de copiar o artigo, preferimos que seja feito apenas um link para o mesmo, exceto quando em circulações via e-mail.




quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

04 motivos para crer na Perseverança dos Santos



A conclusão lógica dos Calvinistas é a de que a Salvação é do Senhor, e nenhuma parte dela depende de qualquer condição da parte do eleito – pois depende totalmente de Deus que quer salvar àqueles que ele deu a seu amado Filho. Por ser dádiva de Deus, a salvação nunca pode ser perdida. Os santos de Deus certamente perseverarão até o fim, porque Deus lhe prometeu que nenhum deles poderá ser arrebatado de suas mãos. Perseveraremos porque ele quer que perseveremos.


Motivos para crer na Perseverança dos Santos:


01 - A perseverança depende de Deus

Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória,... Jd 24

Dar-lhes-ei um só coração, espírito novo porei dentro deles; tirarei da sua carne o coração de pedra e lhes darei coração de carne; para que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os executem; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Ez 11.19-20

Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis. Ez 36.27

O SENHOR, teu Deus, circuncidará o teu coração e o coração de tua descendência, para amares o SENHOR, teu Deus, de todo o coração e de toda a tua alma, para que vivas. Dt 30.6


02 - A perseverança não depende do eleito

...que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo. 1Pe 1.5

...e, por isso, estou sofrendo estas coisas; todavia, não me envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia. 2Tm 1.12

O Senhor me livrará também de toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém! 2Tm 4.18


03 - Deus quer que os santos perseverem

Pois o SENHOR ama a justiça e não desampara os seus santos; serão preservados para sempre, mas a descendência dos ímpios será exterminada. Sl 37.28

Exortamo-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos para com todos. 1Ts 5.14

Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.  Fl 1.6


04 - Portanto, a salvação não pode ser perdida

E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. Jo 6.39

As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar. Jo 10.27-29

Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. Rm 8.37-39


Por: Carlos Reghine
Fonte: TULIP – Os cinco pontos do Calvinismo à Luz das Escrituras


04 motivos para crer na Expiação Limitada



Os Calvinistas crêem que a salvação é só para os eleitos, uma vez que Cristo morreu só por aqueles que o Pai lhe deu como noiva ( = igreja), pois só dos santos ou dos eleitos se diz que são “amados de Deus”, porque só eles são objetos de sua graça salvadora! Os calvinistas raciocinam que, se Cristo morreu por todos, todos serão salvos. Se só os eleitos são salvos, então Cristo morreu só pelos eleitos. Ainda que seja verdadeiro que o sangue de Cristo é suficiente, em valor, para expiar o pecado de todos os homens, é claramente eficiente para aqueles que são salvos pelo favor imerecido de Deus!


Motivos para crer na Expiação Limitada:


01 – Cristo morreu somente pelos eleitos

Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora. Jo 6.37

Se me amais, guardareis os meus mandamentos. Jo 14.15

Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Rm 5.8

...graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do [nosso] Senhor Jesus Cristo, o qual se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso, segundo a vontade de nosso Deus e Pai,... Gl 1.3-4

Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? Rm 8.32

Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, Ef 5.25


02 – Cristo orou em favor somente dos eleitos

É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus; Jo 17.9


03 – Por isso, somente os eleitos são salvos

Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles. Mt 1.21

Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento. 2Pe 3.9

...dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz. Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. Cl 1.12-14

Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade,...  2Ts 2.13


04 – Somente os eleitos são amados de Deus

...recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa fé, da abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição,... 1Ts 1.3-4

Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Cl 3.12


Por: Carlos Reghine
Fonte: TULIP – Os cinco pontos do Calvinismo à Luz das Escrituras